André Sheik
morada da existência
setembro de 2012
morada da existência
setembro de 2012
André Sheik dentro do cérebro
“Morada da existência” tem sua gênese nas reflexões do artista acerca das relações entre os processos mentais e poéticos e os lugares da arte e da existência. Em um manuscrito de dezenove páginas, suas considerações filosóficas mesclam-se a desenhos esquemáticos dos elementos materiais componentes da instalação.
Continentes e conteúdos, o interno de cada um de nós e o exterior estrangeiro, esta relação muitas vezes invertida, em que o interior se torna estrangeiro fazendo brotar a eterna pergunta: o que sou? Abordar a pergunta pelo viés científico não dá conta daquilo que interessa ao artista, que vê a vida com olhos poéticos. Trata-se, então, de procurar metáforas que representem esta sutil e intrincada rede de relações entre as diversas dimensões da existência e da arte.
Sheik opta por criar o cérebro na Vitrine Efêmera, tomando o espaço cúbico como compartimento onde cabem subcompartimentos potencialmente ao infinito, recriando um esquema gráfico e metafórico do “pensar”. Incorpora ready mades ao trabalho (aquários, bastões de tinta a óleo, garrafas, contas de consumo, carburador) que funcionam como âncoras do mundo real, na medida em que são objetos do espaço físico onde a vida biológica se desenvolve, símbolos de nossos movimentos e ações no tempo da existência. E estes significados simbólicos remetem a questões existenciais.
Para imprimir no espaço a ideia do movimento contínuo e orgânico que dá origem à vida o artista utiliza o vídeo, não como opção unívoca de linguagem e sim, mais uma vez, como ready made e um elemento a mais na construção de significado. É projetada, na parede ao fundo da Vitrine, a imagem de uma forma-luz orgânica, que subdivide, multiplica e absorve a si mesma, autofagicamente.
Há uma indiferenciação entre os elementos/camadas que compõem o trabalho, assim como são indiferentes, nas sinapses vitais, a origem e o caráter dos processos, aconteçam na dimensão macro do universo, na dimensão micro da matéria ou na dimensão imaterial do pensamento. O que há é a pulsão ininterrupta do orgânico, um “acontecer”.
Com o movimento, a instalação se completa. Mas fora dela, na vida e na poética do artista, nem tudo acontece dentro do nosso cérebro ou na nossa percepção individual. A arte é testemunha de que nem tudo se resume a sinapses cerebrais...
Fabiana Éboli Santos
“Morada da existência” tem sua gênese nas reflexões do artista acerca das relações entre os processos mentais e poéticos e os lugares da arte e da existência. Em um manuscrito de dezenove páginas, suas considerações filosóficas mesclam-se a desenhos esquemáticos dos elementos materiais componentes da instalação.
Continentes e conteúdos, o interno de cada um de nós e o exterior estrangeiro, esta relação muitas vezes invertida, em que o interior se torna estrangeiro fazendo brotar a eterna pergunta: o que sou? Abordar a pergunta pelo viés científico não dá conta daquilo que interessa ao artista, que vê a vida com olhos poéticos. Trata-se, então, de procurar metáforas que representem esta sutil e intrincada rede de relações entre as diversas dimensões da existência e da arte.
Sheik opta por criar o cérebro na Vitrine Efêmera, tomando o espaço cúbico como compartimento onde cabem subcompartimentos potencialmente ao infinito, recriando um esquema gráfico e metafórico do “pensar”. Incorpora ready mades ao trabalho (aquários, bastões de tinta a óleo, garrafas, contas de consumo, carburador) que funcionam como âncoras do mundo real, na medida em que são objetos do espaço físico onde a vida biológica se desenvolve, símbolos de nossos movimentos e ações no tempo da existência. E estes significados simbólicos remetem a questões existenciais.
Para imprimir no espaço a ideia do movimento contínuo e orgânico que dá origem à vida o artista utiliza o vídeo, não como opção unívoca de linguagem e sim, mais uma vez, como ready made e um elemento a mais na construção de significado. É projetada, na parede ao fundo da Vitrine, a imagem de uma forma-luz orgânica, que subdivide, multiplica e absorve a si mesma, autofagicamente.
Há uma indiferenciação entre os elementos/camadas que compõem o trabalho, assim como são indiferentes, nas sinapses vitais, a origem e o caráter dos processos, aconteçam na dimensão macro do universo, na dimensão micro da matéria ou na dimensão imaterial do pensamento. O que há é a pulsão ininterrupta do orgânico, um “acontecer”.
Com o movimento, a instalação se completa. Mas fora dela, na vida e na poética do artista, nem tudo acontece dentro do nosso cérebro ou na nossa percepção individual. A arte é testemunha de que nem tudo se resume a sinapses cerebrais...
Fabiana Éboli Santos