CARTAS
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CARTAS: Do outro lado do Atlântico, figurações artísticas Do outono parisiense à primavera brasileira, um encontro para complementar o intercâmbio artístico iniciado em 2017, quando os artistas gravadores do ESTUDIO DEZENOVE se apresentaram em Paris no evento Portes Ouvertes des ateliers d’artistes de Lézarts de La Bièvre. Em setembro 2018, por sua vez, quatro integrantes da associação parisiense, Sophie Dressler, Michel Haulard La Brière, Abigail Nunes e Catherine Reisser trazem nas suas CARTAS, quatro sensibilidades e visões diferentes do mundo, lá do outro lado do Atlântico. O que nos separa – o tempo e a distância – é o que nos une hoje: o desejo de trocas. Catherine Reisser, pintora, autora-ilustradora. Seus desenhos quase cartográficos nos remetem a terras distantes, um olhar etnográfico que nos surpreende pela multiplicidade de personagens que compõem suas obras. Personagens que, segundo a artista, representam a fragilidade e a diversidade do que povoa o mundo, o Caos do Universo onde a mais ínfima partícula é vida. Catherine Reisser é parisiense, formada em arquitetura de interiores, trabalhou também como decoradora de teatro. Participou de uma missão científica de antropologia na Amazônia peruana, na tribo dos índios Bora e em parceria com L-Quentin, criou a coleção “Balluchon” de livros de etnologia para a juventude na editora Nathan, traduzidos no Brasil. Na editora Albin Michel contribuiu para a criação da coleção ilustrada de história para a juventude “Le Monde au même moment”, onde é autora. Sophie Dressler, gravadora, pintora, é também autora e ilustradora de textos para a juventude. Suas gravuras, em diversas técnicas – água-forte, água-tinta ou carborundum – nos trazem o movimento das águas onde luz e sombra revelam os mares do Norte, o sopro do vento e os diálogos da natureza presentes nas suas paisagens. O movimento, o momento, a fugacidade e a fragilidade dos seres constituem a temática da sua obra. Tem formação pela renomada École des Métiers d’Art, frequentou também os Ateliers des Beaux-Arts de Paris onde se especializou em gravura. Participa de mostras de gravura nacionais como a Journée de La Gravure Contemporaine e a Journée de l’estampe e participou de exposições de pintura na França, Escócia e nos Estados Unidos. Sophie Dressler atua no movimento de associações e coletivos de artistas franceses e hoje é presidente da Associação Les Lézarts de La Bièvre, parceira neste intercâmbio. Como autora, foi premiada com a Feuille d’Or de Nancy e com o Prêmio europeu de literatura da juventude, em Pádua, na Itália. Michel Haulard La Brière, de formação científica, hoje defende uma postura artística que pode parecer oposta à sua formação de engenheiro. Se inspira no cotidiano de fatos, de emoções, mas sempre experimentando e pesquisando a técnica de gravura mais pertinente à imagem que ele pretende criar. Sua obra reflete seu pensamento, nos encanta pela sua sinceridade. Michel Haulard nasceu na Normandia e trabalhou nos serviços de telecomunicação franceses. Autodidata, frequentou vários ateliês de práticas artísticas onde aprendeu e desenvolveu a gravura, à qual se dedica inteiramente hoje. Xilogravura, água-forte, linóleo, gravura sobre suportes não convencionais, como o tetrapack e outras experiências fazem parte do cotidiano de investigações de suas descobertas artísticas. Abigail Nunes, franco-brasileira, residente na França é articuladora de intercâmbios entre as duas culturas. Pintora, gravadora, ela nos interroga sobre a problemática da dualidade. Seus personagens,em sua obra recente,se apresentam espelhados numa perspectiva plana que sugere hemisférios diferentes. Nesta duplicidade visual persiste a questão existencial: eles se encontram ou se perdem? Abigail Nunes foi aluna do Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília nos anos 60. Conheceu o exílio a partir do qual forjou seu temperamento artístico. Frequentou a escola municipal de Beaux-Arts de Villejuif onde aprendeu novas técnicas e onde se reconciliou com a materialidade da obra de arte. Participou de exposições na França, Bélgica, Portugal, Vietnam, Japão e também no Brasil. Engajada no movimento dos coletivos de artistas, promove o desenvolvimento de intercâmbios e encontros artísticos internacionais. |