Casa-Tempo: aparição e desaparição
O tempo é um ambiente que revela as mais profundas emoções. Dentro dele, podemos experimentar histórias de vidas passadas que tocam a pele e aguçam o olhar para o longe. A pupila, quando visualiza aquilo que está fora dela, impulsiona o corpo para frente em direção ao longínquo, fazendo desse encontro capítulos de histórias vivenciais. Na poética de Thiago Modesto, os corpos esculpidos na madeira e imortalizados na gravura são a construção desse ambiente-tempo – ou casa-tempo – que convida o espectador a entrar com o corpo para manchar a existência com os dedos que tocam o resto de cores que caem dos pedaços das paredes, que se desmoronam com o chão rachado e sem vida.
Num gesto de quem prepara uma oferenda para aqueles que se foram, mas que iluminam e dão proteção aos que seguem pisando no chão da vida no lado de cá, a exposição é um olhar cirúrgico que atravessa a carcaça do corpo e a flacidez da pele, tal como o manejo da goiva na superfície da madeira, que remete os sulcos de uma pele velha, marcada pelo sol, quente durante o manejo da foice afiada; conduzida por uma emoção confusa e dramática de alguém que é fisgado pela aparição de um vulto, um rosto que tenta superar as gotas de suor e sangue que consomem a existência na atividade rural e que, no fim da labuta, traz o desgaste e a desaparição da identidade.
Para perceber as movimentações da agulha – que o artista usa para fechar as feridas abertas no ventre das figuras que protagonizam esse momento do seu fazer artístico – é preciso que os visitantes entrem e habitem a casa-tempo. De dentro, a condição frágil dos personagens é percebida de perto. O longe torna-se uma força penetrante que guia o observador até o espelho. Diante dele, as imagens esculpidas são reflexos de Brasis marcados por aparições e desaparições.
Messias Silva de Oliveira
Rio, março de 2024
O tempo é um ambiente que revela as mais profundas emoções. Dentro dele, podemos experimentar histórias de vidas passadas que tocam a pele e aguçam o olhar para o longe. A pupila, quando visualiza aquilo que está fora dela, impulsiona o corpo para frente em direção ao longínquo, fazendo desse encontro capítulos de histórias vivenciais. Na poética de Thiago Modesto, os corpos esculpidos na madeira e imortalizados na gravura são a construção desse ambiente-tempo – ou casa-tempo – que convida o espectador a entrar com o corpo para manchar a existência com os dedos que tocam o resto de cores que caem dos pedaços das paredes, que se desmoronam com o chão rachado e sem vida.
Num gesto de quem prepara uma oferenda para aqueles que se foram, mas que iluminam e dão proteção aos que seguem pisando no chão da vida no lado de cá, a exposição é um olhar cirúrgico que atravessa a carcaça do corpo e a flacidez da pele, tal como o manejo da goiva na superfície da madeira, que remete os sulcos de uma pele velha, marcada pelo sol, quente durante o manejo da foice afiada; conduzida por uma emoção confusa e dramática de alguém que é fisgado pela aparição de um vulto, um rosto que tenta superar as gotas de suor e sangue que consomem a existência na atividade rural e que, no fim da labuta, traz o desgaste e a desaparição da identidade.
Para perceber as movimentações da agulha – que o artista usa para fechar as feridas abertas no ventre das figuras que protagonizam esse momento do seu fazer artístico – é preciso que os visitantes entrem e habitem a casa-tempo. De dentro, a condição frágil dos personagens é percebida de perto. O longe torna-se uma força penetrante que guia o observador até o espelho. Diante dele, as imagens esculpidas são reflexos de Brasis marcados por aparições e desaparições.
Messias Silva de Oliveira
Rio, março de 2024
Thiago Modesto é gravador e artista visual, criado na Zona Oeste do Rio, de família migrante do interior do estado, seu trabalho aborda temas ligados a ruralidade e o resgate de memórias. Em suas obras são contadas pequenas histórias, através de personagens, símbolos e figuras, que juntos, podem levar as mais diversas interpretações, de acordo com as próprias vivências, crenças e memórias do observador. Foi curador da Feira de Artes Gráficas do SESC Rio, possui trabalhos selecionados na Bienal de Gravura da Romênia (2021), Trienal de Arte Latino-Americana de Nova Iorque (2022), Bienal do Sertão (2023) e Bienal de Gravura da Armênia (2023), onde também atuou como palestrante no simpósio: “Armênia: Um Centro de Gravura na Região”.
INDIVIDUAIS: 2014: “Bestiário”: Casa Art Bridge Contemporary – Rio de Janeiro 2015: “Avesso”: Kariok Hostel – Rio de Janeiro 2022: “Santos e Silvas”: Espaço Cultural dos Correios - Niterói 2022: “Vernacular”: Galeria Espaço Corda - Belo Horizonte 2023: “Ser-tão carioca”: Museu Bispo do Rosário - Rio de Janeiro COLETIVAS: 2014: “Imaginary Forest” - Thiago Modesto & Hana Seo - Gallery Gabi – Seul / Coréia do Sul 2015: “Tropical Colors” - Gallery Gabi – Seul / Coréia do Sul 2022: 7ª Bienal de Artes Gráficas de Székelyföldi - Centro de Arte da Transilvânia / Sfântu Gheorghe/ Romênia 2022: 3ª Trienal de Arte Latino-Americana de Nova Iorque - Nova Iorque / Estados Unidos 2023: 6ª Bienal do Sertão de Artes Visuais - Crato - Juazeiro do Norte e Santana do Cariri / Brasil 2023: 4ª Bienal Internacional de Gravura de Erevã - Centro Aznavour / Erevã, Armênia
INDIVIDUAIS: 2014: “Bestiário”: Casa Art Bridge Contemporary – Rio de Janeiro 2015: “Avesso”: Kariok Hostel – Rio de Janeiro 2022: “Santos e Silvas”: Espaço Cultural dos Correios - Niterói 2022: “Vernacular”: Galeria Espaço Corda - Belo Horizonte 2023: “Ser-tão carioca”: Museu Bispo do Rosário - Rio de Janeiro COLETIVAS: 2014: “Imaginary Forest” - Thiago Modesto & Hana Seo - Gallery Gabi – Seul / Coréia do Sul 2015: “Tropical Colors” - Gallery Gabi – Seul / Coréia do Sul 2022: 7ª Bienal de Artes Gráficas de Székelyföldi - Centro de Arte da Transilvânia / Sfântu Gheorghe/ Romênia 2022: 3ª Trienal de Arte Latino-Americana de Nova Iorque - Nova Iorque / Estados Unidos 2023: 6ª Bienal do Sertão de Artes Visuais - Crato - Juazeiro do Norte e Santana do Cariri / Brasil 2023: 4ª Bienal Internacional de Gravura de Erevã - Centro Aznavour / Erevã, Armênia
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