Muitas notas, um compasso. Notas como anotações do tempo, registros de um processo em construção. No fazer diário, a artista pontua suas ações, preparando o terreno da obra. Seus estudos e rascunhos são as evidências do processo.
Colando tela sobre tela, Isabel Carneiro soma os seus registros. Em alguns momentos, traduz pensamentos em imagens. Em outros, produz uma estridência estética capaz de embaralhar. Equivaler escrita em forma plástica é um desafio que é cumprido à risca em alguns momentos e abandonado em outros. Ao combinar momentos estéticos que não estão sob o mesmo compasso, a artista conduz sua orquestra plástico-visual. A correspondência entre idéia e fazer parece ser fruto das escolhas afetivas que definem tanto a obra quanto as palavras pensadas. Parece quase impossível coincidir verbo e ação, escala e som, tempo e ritmo. Carla Heemann |