Investigações Gráficas Daniela Antonelli, Gabriela Mureb, Mariana Katona Leal, Mirela Luz, Olívio Neto, Pablo Duarte, Viviane Teixeira Curadoria Fernanda Pequeno e Michaela Blanc 9 de abril a 15 de maio de 2016 |
A verificação da palavra grafia no dicionário concede significações múltiplas iniciadas no desenho livre e de figuras geométricas, passando pela gravura e processos tipográficos análogos, diagramação e produção de esquemas, representação de dados estatísticos e para estudos de ocorrências orgânicas.
Refletindo sobre as variações desse vasto campo de experimentação artística, apresentamos a exposição Investigações Gráficas. Perceber os caminhos que levam a resultados frutos de processos diferentes determinou a escolha dos artistas Daniela Antonelli, Gabriela Mureb, Mariana Katona Leal, Mirela Luz, Olívio Neto, Pablo Duarte e Viviane Teixeira. Em seus trabalhos, a experiência da linha provém de métodos laborais com particularidades autorais. Numa intenção de repensar processos e ferramentas auxiliares para apuração de suas proposições estéticas, sem condecorar este ou aquele trabalho, destacamos os trajetos. O poder das dimensões da superfície que Daniela Antonelli emprega e o detalhamento de suas tramas, desenhadas com tinta nanquim, constroem um plano de traços e manchas. A transparência do suporte soma-se à repetição do gesto que instaura círculos, ritmos, formas e texturas repletas de delicadeza. Os motores adquiridos em ferros velhos por Gabriela Mureb são o ponto de partida para a artista realizar a ação econômica de embalar tais engrenagens em folhas simples usadas na rotina do ateliê. A graxa que ainda resiste nas máquinas imprime os vestígios do atrito, ocasionando um memorial de desenhos escultóricos repletos de texturas e de imagens do desuso. Mariana Katona Leal oferece o corpo como superfície para impressão de marcas e texturas que geram formas, mapas etc. Na fotografia, a artista aponta o grafismo enquanto mediador da comunicação entre caminhos percorridos e desejos gestuais manifestos na linguagem corporal. Mirela Luz, ao lidar com a repetição de horas, dias e semanas em seus álbuns, apresenta-os como evidências de hábitos cotidianos igualmente reprisados. Abrindo o campo para uma possível catalogação de operações triviais, a artista oferta a abertura dos próprios diários, de modo que a memória contida ali possa esvair para logo depois se preencher das mesmas histórias. Olívio Neto cria uma iconografia própria, ao juntar signos religiosos e elementos populares numa base de papel holográfico, provocando um transtorno ótico à vista do espectador. Pablo Duarte utiliza caixas de leite como matriz para sua pesquisa em gravura, dando vida a seres fantásticos. O universo lúdico de Viviane Teixeira é criado através da coleta de materiais diversos e ultracoloridos somados ao desenho. Uma narrativa fabulosa é imediatamente construída na mente do espectador, na qual o ambiente fantástico constata a idealização e caracterização das personagens bem como um projeto roteirizado com protagonista e coadjuvante. Não só espaço de ideias marcado por linhas e pontos numa superfície, mas tradução da lógica estrutural e experiência impressa de cada um. A pauta era focar na linha, suas possibilidades e limites enquanto linguagem fundamental para pesquisar e aglutinar diferentes meios, com a missão de alcançar formas e configurações gráficas intermediadas por materiais e estratégias heterogêneas. Afinal, como bem apontam os trabalhos da exposição, colagem, escultura, fotografia e instalação, além do desenho e da gravura, também apontam maneiras de empreender investigações gráficas. |